Ílhavo: Bombeiros encontraram cadáver enquanto apagavam incêndio
Bebé encontrado morto no mato
Pouco passava da meia-noite de ontem quando os Bombeiros de Ílhavo foram alertados para um pequeno fogo em mato, no lugar da Coutada. Mas aquilo que parecia apenas mais um incêndio era afinal um caso chocante. Enquanto combatiam as chamas, os bombeiros encontraram um saco de plástico. No seu interior estava o cadáver de um recém-nascido, já em estado de decomposição.
O cenário chocou os bombeiros que, completamente transtornados, não conseguiam acreditar no que acabavam de encontrar.
A Polícia Judiciária foi de imediato chamada ao local e, apesar de não existirem ainda pistas sobre a identidade da mãe e as circunstâncias em que o bebé morreu, tudo aponta para um cenário de infanticídio.
Após uma primeira análise ao cadáver, a PJ conseguiu concluir que o recém--nascido estava morto há pelo menos uma semana e que foi colocado no local pouco tempo antes de o fogo ter começado. De facto, a polícia está convicta de que o incêndio terá sido ateado com o intuito de ocultar o cadáver do bebé.
No entanto, o plano acabou por não ter o resultado desejado. Um popular que passava de carro naquele exacto momento apercebeu-se do fogo e chamou de imediato os bombeiros. Quando estes chegaram ao local, as chamas ainda não se tinham alastrado ao saco.
Ontem, no pequeno lugar de Coutada, os populares estavam incrédulos com o sucedido. "O meu filho viu as chamas, mas, como pensou que era mais um incêndio, não ligou. Quando soubemos o que tinha acontecido ficámos em choque", contou Lurdes Pinho, moradora.
Apesar de não acreditarem que a mãe do bebé more por perto, os residentes de Coutada afiançam que se tratará de alguém que conhece bem o local. "Isto é uma zona isolada, quem pôs lá o bebé conhecia isto", disse Lurdes Pinho.
PENAS DE PRISÃO SUSPENSAS
O crime de infanticídio em Portugal tem uma pena máxima de cinco anos, que podem ou não ser efectivos. O certo é que até à presente data nenhuma mulher em Portugal foi para a cadeia por matar o próprio filho.
Basta recordar o caso mais recente. Em Fevereiro de 2008, Adelaide Silva asfixiou e congelou o filho recém-nascido. Julgada em Julho deste ano, o tribunal condenou-a a quatro anos de pena suspensa.
O juiz considerou que na altura do parto a mulher sofria de uma depressão. Este é, alias, um dos motivos que até agora levou os tribunais a optar sempre por penas suspensas.
"A MÃE NÃO SE LIGOU AO BEBÉ": Carlos Poiares Psicólogo Criminal
Correio da Manhã – A polícia aponta para um cenário de infanticídio. O que leva uma mãe a matar um filho?
Carlos Poiares – Nestes casos geralmente trata-se de gravidezes mal acompanhadas e de mulheres que não tiveram apoio. Estas situações passam também pelo facto de a mãe não se ter ligado ao bebé.
– Tudo indica que neste caso a mãe ficou com o bebé morto durante uma semana. É habitual tal acontecer?
– De facto não é a primeira vez que isto acontece. Muitas vezes, após a morte, a mãe bloqueia, entra em pânico e fica sem saber o que fazer. Uns dias depois acaba por se desfazer do corpo.
PORMENORES
ÁREA ARDIDA
O incêndio não atingiu grandes proporções. O facto de os bombeiros terem sido logo alertados levou a que apenas alguns metros de mato tenham ardido.
CASAS DISTANTES
A casa mais próxima situa-se a 500 metros do local, pelo que era difícil para os moradores darem conta do que aconteceu.
CHOQUE
Ao verem o corpo do recém--nascido, os bombeiros ficaram bastante chocados.
Fonte : CM
Sem comentários:
Enviar um comentário