Bruxo morto à pancada
Espancado, com o corpo coberto de sangue e um saco de plástico a tapar-lhe a boca; mãos atadas com fita adesiva e apenas cuecas e camisola a tapar-lhe o corpo. Foi assim que os assassinos do ‘bruxo de Rio de Moinhos’ deixaram a vítima à porta de casa. O irmão, de 67 anos, também foi violentamente espancado e sequestrado dentro da habitação onde viviam os dois familiares, sem água e luz.
O crime poderá ter sido cometido anteontem à noite, mas só durante a manhã é que o corpo foi descoberto. "Ontem [anteontem], quando eram 20h00, recebi um telefonema em que apenas se ouviam gritos. Desliguei sem perceber, mas agora acredito que era o meu irmão a pedir ajuda", dizia ontem, chocada, a irmã, Margarida Moreira.
As causas do crime ainda estão por esclarecer, sabe-se apenas que Agostinho Moreira morreu asfixiado depois de horas de extrema tortura. As autoridades encontraram a casa do bruxo toda remexida e acreditam que o objectivo seria roubar o dinheiro que a vítima guardava dentro de casa. Não é líquido que tenha revelado o esconderijo.
O cadáver foi encontrado, ontem de manhã, pelo padeiro da localidade, quando aquele ia entregar o pão aos dois irmãos. Depois de os vizinhos terem dado o alerta, os bombeiros de Entre-os--Rios socorreram a outra vítima, que foi transportada para Penafiel, onde continua internada. Quando foi assistido o irmão do bruxo disse à Judiciária que se apercebeu de que eram muitos assaltantes.
"MATARAM-NO POR CAUSA DO DINHEIRO"
A família do ‘bruxo de Rio de Moinhos’ não tem dúvidas. Agostinho foi morto por não querer revelar onde guardava o dinheiro dos donativos que recebia dos trabalhos de rezas e curativos. "Toda a gente sabia que ele guardava dinheiro em casa. De certeza que foi para roubá--lo. Ele era tão bom que não pedia dinheiro às pessoas que vinham visitá-lo. As pessoas é que lhe davam o que queriam", adiantou ontem ao CM a sobrinha, Leonor Costa.
O bruxo recebia muita gente. Eram vistos carros com matrícula estrangeira e os vizinhos garantem que o homem chegava a receber 20 ou 30 pessoas por dia. "Ele era mesmo bom e por isso é que muita gente lhe vinha pedir ajuda. Quem fez isso queria o dinheiro", acredita Maria Alzira, uma vizinha que também já procurara a ajuda do ‘bruxo de Rio de Moinhos’.
"NEM ME CONSEGUIA MEXER"
Manuel Fernandes estava habituado a ver o bruxo todos os dias na rua para lhe entregar o pão. Ontem estranhou a ausência do homem e foi à casa para deixar a saca do pão.
"Fiquei paralisado quando vi o homem naquele estado. Nem consigo descrever o que encontrei, tal era o estado dele. Ouvi o irmão a gritar lá dentro, mas nem consegui aproximar-me", explicou ao CM Manuel Fernandes, o padeiro de 35 anos, que trabalha naquela zona há cerca de seis meses. "O irmão dele estava no meio de roupa e de malas dentro de uma salgadeira, também espancado", explicou depois ao CM António Rocha, um vizinho.
PORMENORES
MUITO RELIGIOSO
Agostinho Lourenço Moreira era conhecido como um homem muito ligado a Deus. Rezava e não faltava à missa dominical de Rio de Moinhos.
CASEBRE
A casa onde viviam os dois irmãos não tinha luz nem água. Habitavam em condições de extrema pobreza.
REBENTARAM A PORTA
Os homicidas rebentaram com a porta de entrada para surpreender os dois irmãos, que descansavam em casa.
BARULHOS DE NOITE
Os vizinhos ouviram cães a ladrar durante a noite, para além de barulhos, mas não estranharam.
Fonte : CM
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