Arruadas em Santa CatarinaSócrates espremido, Ferreira Leite dá espectáculo
A baixa do Porto viveu esta quinta-feira uma animação total. Primeiro, Manuela Ferreira Leite desceu a rua de Santa Catarina. Meia hora depois, foi a vez de Sócrates. As duas comitivas não se cruzaram por muito pouco, a confusão reinou tanto no PSD como no PS
Afinal houve espectáculo na campanha do PSD. Foi preciso a caravana dos sociais-democratas chegar ao Porto e à tradicional arruada de Santa Catarina até à Avenida dos Aliados para Manuela Ferreira Leite se soltar mais e a máquina do PSD se revelar completamente mobilizada.
Com bombos a abrir-lhe o caminho, a líder social-democrata arrancou em frente ao célebre café Majestic protegida por um cordão formados pelos jovens da JSD. A confusão era tal que as pessoas nem se conseguiam aproximar e por três vezes, enquanto percorria a Rua de Santa Catarina, Manuela subiu a um banco de jardim a gritar PSD e acenando com V de vitória.
Foi o delírio. A multidão gritava «vitória, vitória». «O Porto é laranja», respondiam os ‘jotas’.
Rui Rio apareceu pela primeira vez ao lado de Ferreira Leite e à comitiva juntaram-se ainda Aguiar Branco, cabeça-de-lista pelo Porto, e Paulo Rangel. Mais atrás seguia, como sempre desde o primeiro dia, Marques Guedes. Mas desta vez era indisfarçável a comoção no rosto do secretário-geral do PSD, com lágrimas nos olhos.
À medida que foi ganhando espaço e avançando, uma Manuela mais confiante ia recebendo com sorriso estampado no rosto os gestos de apoio e ia piscando o olho aqui e ali.
Questionado pelos jornalistas, Rui Rio garantiu que em caso de vitória do PSD não irá para o Governo de Manuela. O mandato na Câmara do Porto «é para levar até ao fim».
Meia hora depois foi a vez de Sócrates. «Assim se conhece a força do PS». O novo slogan embalou os socialistas na descida da rua de Santa Catarina. Com um forte cordão de seguranças, formado por profissionais e pelos jovens da ‘jota’, o secretário-geral do PS fez a tradicional arruada acompanhado pelos candidatos do Porto Alberto Martins, Teixeira dos Santos, a candidata à câmara do Porto, Elisa Ferreira, e até Rosa Mota.
Mas foi um exercício violento. Sócrates foi espremido, agarrado, obrigado a acenar de longe às pessoas e acabou completamente transpirado, com a camisa colada às costas. Alberto Martins, sempre ao seu lado, exibia um ar tão aflito, como se nunca tivesse presenciado um aperto daqueles. «Ainda matam o homem», comentava um transeunte, impressionado com o magote de gente, nem uma palavra sobre a sua preferência política.
De longe, as pessoas gritavam frases de incentivo e da sede do PS, num primeiro andar da rua de Santa Catarina, choviam pétalas de rosas. À entrada do centro comercial Via Catarina, um jovem gritou «mentirosos, mentirosos», à passagem da caravana, ao que os apoiantes começaram imediatamente a gritar «PS, PS» e «Sócrates amigo, o povo está contigo», em jeito de resposta. Um apoiante socialista não se conteve e quase colado à cara do jovem, respondeu-lhe: «Este está asfixiado, o gajo!».
A arruada terminou junto ao mercado do Bolhão, com Sócrates a dizer que «as pessoas estão muito mobilizadas». Gerou-se o pandemónio, com os carros da comitiva a entupirem o trânsito e o som dos bombos substituídos pelas buzinas nervosas dos condutores.
Fonte : SOL
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